A falha, o erro, ou a fraqueza apesar de parecer destruir a força do herói, na verdade constrói o mais profundo ponto de contato entre este ser detentor de qualidades suprahumanas e o homem.
O herói dos livros, quadrinhos ou cinema é semelhante ao 'ídolo real' - com certas ressalvas das proezas sobrenaturais - que muitas vezes ocupa os mesmo lugares que os próprios heróis.
A humanidade tanto do herói quanto do ídolo é o fator que cativa seus admiradores, seus fãs.
O mundo contemporâneo da pós (ou super) modernidade produz heróis/ídolos dos mais diversos tipos. Astros de cinema, cantores e até mesmo animais e pasmem, até políticos!
Mas certamente são poucos heróis/ídolos que se formam a partir de tanta devoção como os jogadores de futebol. Os grandes ídolos do futebol adquirem uma identidade que irmana seus fãs que são capazes de xingá-lo e aplaudí-lo na mesma partida. O jogador que faz o gol do título num dia e no outro perde o penalti que decide a eliminação de seu time. Nada mais que o Herói.
Entre o humano e o divino

Recentemente, o maior herói da história da Argentina, Maradona, que tem até uma igreja à prestar adoração a sua imagem, mergulhou numa aventura cujo capítulo final - que em breve será visto no mundo todo - irá certamente transformá-lo. Muito criticado pelo desempenho da seleção argentina, o atual treinador que já foi ídolo do seu país vestindo a camisa da equipe que agora dirige não será mais o mesmo. O herói tem dois caminhos pela frente. Um deles, a trilha da glória e honra, acima de tudo, poderá consagrá-lo definitivamente como uma divindade na terra platina para além daqueles mais fanáticos.
O outro caminho, de fracasso e humilhação, talvez esvazie os bancos da igreja maradonista e certamente dará chance para um substituto do trono de ocupa há mais de 20 anos. Mesmo um terceiro caminho com bravura e derrota não deixaria a imagem do ídolo intacta. O futuro é imprevisível para Maradona, mas é certo que os ventos tomarão uma outra direção.
O calcanhar de Zico
Ainda que discutível, é difícil não posicionar Zico e Maradona no panteão de ídolos do futebol. O 'Galinho de Quintino' não conquistou o mundo com a seleção a despeito de Dieguito. Na Copa do Mundo em que o argentino se consagrou, Zico foi castigado pelo penâlti perdido durante a partida semifinal que eliminou a equipe brasileira.
No entanto, os anos 1980 fez do Zico um herói rubro negro. Hexacampeão carioca, tricampeão brasileiro (sem contar a Copa União 1987) e campeão da américa e mundial em 1981. Zico foi o homem que transformou o futebol japonês e chegou a Turquia, já como técnico, para assumir o trono de Rei. Rei Artur.
Apesar das passagens pouco marcantes no Uzbequistão (2008), Rússia (2009) e Grécia (2009-2010), a sua imagem do grande ídolo flamenguista, e em certa medida, brasileiro está preservada.
A qualidade do Zico técnico é respeitada, ainda que não tão certa. Porém, há anos que a imprensa ventila um possível retorno daquele que foi o maior jogador da história do flamengo, o grande artilheiro do maracanã, o homem que em campo ora era arco (meia armador), ora era flecha (finalizador frio). A torcida se empolga com essa possibilidade.
Seja como técnico ou diretor de

Mas parece que este retorno não deve acontecer tão cedo. Se acontecer.
La Gazzetta dello Sport publicou hoje o interesse do Catania em levar o brasileiro ao comando técnico do time italiano. Para quem passou pelo terceiro e quarto escalão do futebol mundial, disputar o Calcio mesmo num time de menor expressão torna-se mais uma grande oportunidade ao treinador.
Ainda que estejamos no âmbito da especulação, o futuro de Zico mesmo que não seja a Itália tem poquíssimas chances de ser rubro-negro.
Em março deste ano foi firmada uma parceira entre o Flamengo e o CFZ (Clube Futebol Zico), em que atletas seriam negociados entre os clubes com vantagens proporcionais a cada uma das partes e transações.
No momento, a única parte de Zico dentro do gávea é este acordo.
Até na coordenação de torneios de futebol infantil na Disney, o ex-camisa da 10 da seleção participa, mas o Flamengo continua uma realidade vivida somente no passado e na paixão de torcedor.
Zico é um ídolo inquestionável entre os rubronegros. Será que o Galinho de Quintino está disposto a expor suas fraquezas, tal como está fazendo Dieguito?
Zico está preparado para estender seu passado de herói a um futuro tão incerto?