O espetáculo que nasce em dois minutos ou dois gols.

-Por todos nós-

02/03/2010

AS COPAS DO MUNDO E OS MUNDOS DA COPA


Com a primeira Copa do Mundo organizada pela FIFA, inicia-se uma nova maneira de se orientar através do tempo. Desde 1930, com exceção do decênio de guerra, genocídio e destruição de 1939-1949 que interrompeu estes ciclos, a cada quatro anos, progressivamente, mais e mais pessoas aguardam pelo evento esportivo que, hoje, tornou-se o mais lucrativo e assistido do mundo.

Parece exagero? Quem sabe. Mas é inegável que o evento que proporciona cerca de 3 bilhões de telespectadores – metade da população do planeta – seja capaz de organizar a rotina destas pessoas, ou mesmo mobilizar seus sentimentos e planos.


PARTE 1

MUNDO MELANCÓLICO

A pioneira Copa e as Copas do Fascismo (1930, 1934 e 1938)



1930

Sede: Uruguai

Campeão: Uruguai

Vice: Argentina

Posição do Brasil: Primeira Fase

Artilheiro (Gols): Guillermo Stábile – Argentina (8)

Média de Público por partida: 24 mil

No ano em que completou o centenário de independência, a seleção anfitriã sagrou-se campeã. A fraca campanha do Brasil refletiu a ausência de apoio do poder público ao futebol profissional e a discriminação racial que não permitiu a ida dos melhores atletas à Copa.

Já a vitória uruguaia forjou um sentimento nacionalista que se sobrepôs às acirradas disputas políticas entre os partidos Blancos e Colorados. Por outro lado, o mundo de mais de 30 milhões de desempregados vítimas do Crack da bolsa de Nova Iorque cada vez mais consumia a paixão pelo futebol como fuga de sua desgraça.


1934

Sede (Participantes): Itália (16)

Campeão : Itália

Vice: Tchecoslováquia

Posição do Brasil: Primeira Fase

Artilheiro (Gols): Oldřich Nejedlý – Tchecoslováquia (5)

Média de Público por partida: 21 mil

O anfitrião novamente leva a taça. Mas agora falamos do exército de chuteiras de Benito Mussolini. Vencer era preciso para aumentar a popularidade de seu governo, provando a superioridade da sua raça e disfarçando a melancolia da recessão econômica.

O novo fracasso tupiniquim demonstrou sua fragmentação política, inclusive no futebol. As disputas políticas se acirravam pelo apoio paulista a profissionalização do esporte. A parcela do futebol carioca mais influente era contrária aos paulistas, e a falta de acordo levou à Copa um time formado só por jogadores que atuavam no Rio de Janeiro, desfalcando metade da seleção principal.


1938

Sede (Participantes): França (16)

Campeão: Itália

Vice: Hungria

Posição do Brasil: Terceiro lugar

Artilheiro (Gols): Leônidas da Silva – Brasil (7)

Média de Público por partida: 20 mil

A seleção brasileira chegou à Copa com maior apoio e coesão política. Alzira Vargas, filha do presidente, foi madrinha e Luiz Aranha, irmão do Ministro da Fazenda, chefe da delegação. Mais que isso, o Brasil tinha o diamante negro, Leônidas da Silva.

No entanto, a pressão do regime fascista contaminou a Copa do Mundo. A torcida italiana massacrou os atletas de "raça inferior"; o ambiente bélico era cultivado; e a arbitragem inventou o pênalti que decidiu a vitória italiana contra o Brasil. O orgulho racista italiano superou provisoriamente a melancolia de sua sociedade em crise.

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