MUNDO DIVIDIDO
As Copas que aqueceram a Guerra Fria (1962, 1966 e 1970)
Sede (Participantes): Chile (16)
Campeão: Brasil
Vice: Tchecoslováquia
Artilheiro (Gols): Garrincha e Vavá – Brasil (4)*
Média de Público por partida: 24 mil
O melhor futebol do mundo seria decidido novamente na América Latina, onde se acirravam as disputas políticas entre partidos de esquerda e direita. A terceira seleção bicampeã mundial surge no Chile e confirma a América do Sul como vanguarda do futebol. No entanto, neste tempo a América latina também foi vanguarda política. Che Guevara semeava a idéia de cooperação latinoamericana e justiça social através da revolução. Mas acima de tudo, a vitória brasileira foi um prelúdio da constatação de sua força e de seu papel central na geopolítica da Guerra Fria.
*Além dos avantes brasileiros, Leonel Sánchez (Chile), Dražan Jerković (Iugoslávia), Flórián Albert (Hungria) e Valentin Ivanov (URSS) também marcaram 4 vezes.
Sede (Participantes): Inglaterra (16)
Campeão: Inglaterra
Vice: Alemanha Ocidental
Posição do Brasil: 1ª Fase
Artilheiro (Gols): Eusébio – Portugal (9)
Média de Público por partida: 51 mil
Com Pelé machucado e Garrincha suspenso, a seleção brasileira foi figurante da copa no país berço do futebol moderno. A democracia brasileira, com líderes políticos cassados, perseguidos e exilados, tornou-se figura de linguagem no golpe civil-militar de 1964. Para a guerra fria marcou mais uma vitória do bloco capitalista. Portanto, a conquista inglesa testou mais que a força de seu futebol. E em meio, a corrida espacial e armamentista, a Copa do Mundo tornava-se cada vez mais um espaço de disputa das manifestações político-ideológicas.
Sede (Participantes): México (16)
Campeão: Brasil
Vice: Itália
Artilheiro (Gols): Gerd Müller – Alemanha (10)
Média de Público por partida: 50 mil
Os norte-americanos que levaram o homem a lua começavam a ser surpreendidos no Vietnã. Os movimentos estudantis e a contracultura, que pressionavam autoridades e inspiravam grupos marginalizados, foram facilmente suprimidos na primeira copa do México. Longe dos centros de tensão política e pressão popular, o sombrero encobriu o calor de uma guerra nada fria. Para complementar, houve a vitória do gigante da América latina, o arauto do liberalismo. A seleção brasileira virou artista para uma platéia rica que explorava seu país e para uma platéia pobre que a idolatrava com a mão no lado esquerdo do peito.
0 comentários:
Postar um comentário