O espetáculo que nasce em dois minutos ou dois gols.

-Por todos nós-

30/03/2010

AS COPAS DO MUNDO E OS MUNDOS DA COPA – PARTE 5


MUNDO ESPETÁCULO

O Mercado da Bola (1986, 1990 e 1994)


1986


Sede: México

Participantes: 24

Campeão: Argentina

Vice: Alemanha Ocidental

Posição do Brasil: Quartas de final

Artilheiro (Gols): Gary Lineker (6) - Inglaterra

Média de Público por partida: 46 mil

Apesar do gol de mão de Maradona, foi a primeira conquista legítima argentina. Apesar de mais um vice-campeonato, a seleção alemã ocidental chega a sua quinta final, mostrando os resultados de investimentos capitalistas no esporte. E, no Brasil, a recessão econômica impediu que a competição se realizasse no país. Com a gradativa abertura política soviética, a Guerra Fria deixava de dar o tom na orquestra geopolítica mundial. Com a expansão automobilística nos países do Terceiro Mundo, as nações do oriente médio, grandes exportadores de petróleo, tornaram-se os maestros.


1990


Sede: Itália

Participantes: 24

Campeão: Alemanha Ocidental

Vice: Argentina

Posição do Brasil: Oitavas de final

Artilheiro (Gols): Salvatore Schillaci (6) - Itália

Média de Público por partida: 48 mil

Por mais que a motivação de revanche não seja descartada, a conquista da Alemanha capitalista está intimamente relacionada com as repercussões da queda do muro de Berlim no ano anterior. Durante quase 40 anos o povo e território alemão foram divididos em dois mundos opostos pelo sonho frustrado do socialismo e pela realidade cruel do capitalismo. A vitória alemã celebrou e constatou a vitória do capitalismo na Guerra Fria, ao mesmo tempo em que expôs sua perversidade observada pelas economias frágeis dos países do Terceiro Mundo, tal como o Brasil.


1994

Sede: Estados Unidos

Participantes: 24

Campeão: Brasil

Vice: Itália

Artilheiro (Gols): Salenko (6) - Rússia e Stoichkov (6) - Bulgária

Média de Público por partida: 68,9 mil

A maior Copa do Mundo até hoje. Recorde de público, com mais de 3,5 milhões de torcedores. Seleções de etnias, línguas, culturas e história muito diferentes reunidas na "terra da liberdade". Espetáculo e recorde para cobertura televisiva. O futebol tornou-se o terceiro negócio mais lucrativo do mundo, perdendo somente para o tráfico de armas e drogas. Esta foi a última seleção brasileira composta por atletas que atuam em sua maioria no Brasil.



25/03/2010

Football, a revista que faltava à grande paixão


O Brasil ganha, em 5 de abril, uma revista destinada a tratar o futebol com a elegância de uma jogada de Pelé e com a arte de verdadeiros craques da bola e do jornalismo. Não é uma simples revista de futebol. Seu nome, Football, é uma homenagem aos inventores do esporte mais amado do mundo, mas com estilo diferente de tudo aquilo que já foi feito até agora. Uma revista de luxo: nos textos, nas fotos, no projeto gráfico. Em cada edição, novas surpresas.

O fato de Football ser lançada em ano de Copa do Mundo é simples coincidência. Não só a Copa de 2010 e outras Copas fazem parte das atrações de Football já em sua primeira edição. A nova revista, bimestral, tem assuntos para atrair a atenção dos leitores a cada edição. Cada exemplar resistirá ao tempo, como um poema aos dribles de Garrincha ou a recordação de um grande jogo, de uma bela conquista ou de uma inesperada derrota.

Há derrotas que ficam na história como exemplos de dignidade. Um exemplo: a da seleção brasileira diante da Itália por 3 a 2, no Estádio Sarriá, em Barcelona, em 5 de julho de 1982. O jornalista Alberto Helena Júnior estava lá e, como o Brasil inteiro, ficou triste. Na edição número 1 de Football, ele revive detalhes daquele jogo em que um dos melhores times de todos os tempos foi eliminado da Copa e traça um perfil de Paolo Rossi, autor dos três gols italianos. O fotógrafo Reginaldo Manente, então também no Sarriá, registrou os gols em campo, mas foi com a lendária foto de um garoto chorando na arquibancada que ele ganhou o Prêmio Esso. A revista foi ouvir Manente. Nesse conjunto, não poderia faltar um passeio fotográfico pela linda Barcelona.

Ademir Menezes, o Queixada, grande goleador que jamais foi campeão mundial e que estava no Maracanazo de 1950, tem seu perfil revivido no texto criativo de Moacir Japiassu, diretor de Redação de Football.

Mas será que essa revista vai falar apenas de personagens das decepções do Brasil?

Não. Em Football, não há temas proibidos, não há rancores a serem escondidos, não há ídolos sepultados por uma derrota. E o destaque pode ser de um goleador ou de um dirigente. João Havelange, o brasileiro que dirigiu a Fifa por 24 anos, é matéria de capa. Não foi ele quem derrubou tabus e idealizou uma Copa do Mundo na África? Texto de Ernesto Rodrigues.

Nas páginas da revista, a alegria conquista espaço. Em cada edição, haverá perfis de personagens que marcaram a história da bola dentro e fora do campo, entrevistas exclusivas, minibiografias de técnicos e jogadores, histórias incríveis do futebol, gastronomia, turismo. Claro: sempre tendo como pano de fundo uma sede de Copa do Mundo. A África do Sul está na edição de estréia, com sua paixão pelo futebol e suas incríveis paisagens, por conta do fotógrafo Cleber Bonato. Lá, Bonato conheceu as obras dos estádios africanos e descobriu, no reino de Bafokeng, um inédito projeto de educacional para crianças carentes, ministrado por brasileiros que trabalhavam com futebol em pequenos clubes do Rio de Janeiro.

Football traz ainda uma seção de produtos associados ao esporte, as partidas inesquecíveis, os grandes erros da arbitragem e a opinião de colunistas colaboradores de peso.

Na seção Mantos Sagrados, são mostrados os uniformes mais belos do mundo e a história dos clubes que os criaram.

Qual é o Time dos Sonhos? Numa seção com esse nome, surgem opiniões de gente interessante. A estréia conta com o piloto Rubens Barrichello e os empresários Marco Antônio Bologna e Paulo Kakinoff, que dão seus palpites. No final de 2010, será escolhido o melhor time.

O lançamento de Football está marcado para 5 de abril, às 19 horas, no Estádio do Morumbi. As lojas LaSelva dos aeroportos começarão a vender a primeira edição logo em seguida.

Revista Football

Publicação bimestral da j&p comunicação

Páginas: 132

Impressão: IBEP

Preço: R$ 19,25

Sergio Monte Alegre

THE WINNER PRESS SERVICE

FONE: (11) 3502-2919

Release recebido por Celso Unzelte.

24/03/2010

A melhora da morte


Já estamos completando um quarto de 2010 e muitas expectativas sobre o futebol vem se revelando grandes frustrações. Esta é uma história triste protagonizada por um talismã, um artilheiro, um torcedor e um fenômeno. Quatro personagens que parecem ter algo em comum.

O talismã

Petkovic terminou a temporada passada eleito um dos melhores, senão o melhor, meia atacante do campeonato brasileiro. E como se não bastasse, tornou-se um dos ícones da conquista flamenguista do hexacampeonato brasileiro. Pet que vinha distante dos palcos do futebol de alto nível voltou ao Flamengo por meio de um acordo financeiro que quitaria as dívidas do clube com o jogador.

O resultado final de 2009 foi excelente para os dois. Poucos meses depois o cenário é outro. Após desentendimento com o vice de futebol Marcos Braz, Pet foi afastado e desde o seu retorno ao time, não tem garantido a titularidade, e tampouco o bom futebol. Por outro lado, antes do entrevero com Braz, o meia sérvio já não estava jogando bem.

O artilheiro

Dodô é o artilheiro dos gols bonitos e faz jus ao nome. São Paulo, Santos, Palmeiras, Goiás, Botafogo, Fluminense e agora Vasco. Um baita currículo, sem dúvida. Sua última passagem mais expressiva havia sido o Botafogo, mas foi no Fluminense, em 2008, que atravessou o momento mais difícil de sua carreira. Pego no doping e suspenso por dois anos. Dodô não se abateu e perseverou.

No dia 24 de janeiro deste ano recebeu sua recompensa. Hat-trick (três gols marcados pelo mesmo jogador) de Dodô contra o Botafogo na goleada vascaína por 6 a 0. Dodô voltou a brilhar e seus gols bonitos eram ansiosamente aguardados pela torcida luso-carioca. A memória do futebol, pra sorte de Dodô, havia preservado a imagem do artilheiro dos gols bonitos. Mal sabíamos que as lembranças do Dodô no Santos, sobretudo, retornariam com força máxima. Há duas semanas, na derrota vascaína para o Flamengo, o goleiro rubro-negro Bruno pegou dois pênaltis batidos por Dodô. O artilheiro dos gols bonitos e dos pênaltis perdidos faz jus ao nome.

O torcedor

Ídolo incontestável. Querido pelas torcidas rivais, inclusive. Exemplo de simpatia em meio às inacessíveis celebridades do futebol. Humilde nas falhas que comete e sincero nas críticas que aponta. O herdeiro legítimo de uma linhagem fina de guardametas palestrinos e eterno "São Marcos" de todos brasileiros que assistiram a Copa do Mundo de 2002. Marcos é incontestável.

Viveu uma carreira completa de lesões. Por isso não teve chances de chegar perto de Leão que chegou a marca de 617 partidas disputadas com a camisa do palmeiras. Mas Marcos foi fiel, ainda que seja uma palavra complicada no manto verde. Marcos é incontestável. Leão vestiu o rival alvinegro em 1983. Marcos nunca abandonou o Palmeiras, mesmo diante do rebaixamento. No último ano, parecia que finalmente o Palmeiras sairia de uma fila de 10 anos sem títulos expressivos – o Palmeiras ganhou os extintos Rio-SP e Copa dos Campeõs em 2000, e o Paulistão de 2008 – com atuações eficientes e seguras, sobretudo pelo bom campeonato que o experiente arqueiro desempenhava. Mas o Palmeiras patinou, derrapou, saiu da pista e não conseguiu se reencontrar e acabou nem se classificando para a disputa da Taça Libertadores da América. A qualidade do goleiro Marcos acompanhou a qualidade do time. E acima de tudo, Marcos tem se desequilibrado, enfrentado críticas com muita agressividade e despejando reclamações para todos os lados, inclusive seus companheiros de clube. Agora, no campeonato paulista de 2010, o Palmeiras só se classifica para as semifinais com um milagre improvável. Desta vez o São Marcos não tem como salvar os alviverdes. Desta vez, é só Marcos mesmo, e ele, apesar de ser o torcedor palmeirense em campo não é mais tão incontestável.

O fenômeno

O maior artilheiro das Copas. Campeão do Mundo. Campeão europeu, espanhol, holandês, mineiro, paulista e da Copa do Brasil. Quase 500 gols e uma coleção de lesões, polêmicas e reviravoltas. 2009 seria um ano fenomenal. E foi. Até 1 de julho. Talvez um pouco mais, mas não muito mais. Data a final da Copa do Brasil, o primeiro troféu nacional de Ronaldo e o objetivo do Corinthians de 2009 cumprido: a vaga para a disputa da Taça Libertadores da América de 2010, no ano do centenário do clube.

Ronaldo foi decisivo no primeiro semestre do ano passado. Convincente e eficiente. Na reta final do campeonato paulista, fez até gol de placa. O "Ronaldo Gordo" deixou de ser uma ofensa agressiva e passou a compor o repertório da fala dos torcedores corinthianos com certo ar de deboche com os adversários: "não agüentam o pique do gordinho?", ou "mesmo gordo ele é o fenômeno!". Assim se viu até a disputa do brasileiro do mesmo ano. Junto com o Corinthians, Ronaldo foi burocrático e só não terminou em frustração maior o fim de 2009 porque a expectativa e o discurso de todo o Corinthians e o Ronaldo girava em torno "da conquista da América no ano do centenário". O ano de 2010 chegou e Ronaldo marcou somente 1 gol, no sofrível empate por 1 X 1 com o Mirassol jogado no Pacaembu. Mais que isso, o time não deslanche, é verdade. Mas o decisivo e fenomenal jogador participa pouco do jogo, erra passes, domina com lentidão, e o pior, perde gols, muitos gols.









Todos estes personagens tem algo em comum. A idade. 37, 35, 36 e 33. Muito se falou sobre os veteranos do futebol e quanto ainda eles ainda poderiam render em alto nível. Não há dúvida que a idade não é fator determinante para o bom rendimento do atleta. Rogério Ceni, com 37 anos, mantém boa regularidade e não deve deixar os gramados tão cedo. Zidane protagonizou uma final de copa do mundo com 34 anos. No entanto, estes atletas que vinham de um ostracismo boleiro, e deram a volta por cima, parecem não conseguir manter o brilho que os tirou das trevas do esquecimento ou da fosca desconfiança. Parecem ter dado um último suspiro, o último esforço pela glória. Alguns até conseguiram algum crédito, ainda que temporário. Outros nem isso. É com muito pesar que vejo estes ídolos se despedindo do futebol. Tomara que eu esteja errado.


23/03/2010

AS COPAS DO MUNDO E OS MUNDOS DA COPA – PARTE 4



MUNDO FRUSTRADO

Esquerda derrotada e Direita fracassada (1974, 1978 e 1982)

1974

Sede: Alemanha Ocidental

Participantes: 16

Campeão: Alemanha Ocidental

Vice: Holanda

Posição do Brasil: 4º lugar

Artilheiro (Gols): Grzegorz Lato – Polônia (7)

Média de Público por partida: 45,5 mil

O radicalismo da Guerra Fria esgotou muitos modelos de sociedade. O mundo começou a passar por transformações também presentes no futebol. A Holanda foi um exemplo disso, ao dar sinais de superação da intolerância religiosa, étnica e sexual, culminando em sua seleção um profundo espírito coletivo chamado "Carrossel Holandês". No Brasil, tal qual sua seleção, o regime dava sinais de enfraquecimento nas eleições do mesmo ano, e anunciava a "distensão lenta e gradual". No entanto, pela quarta vez, o anfitrião leva o título em seus domínios.

1978

Sede: Argentina

Participantes: 16

Campeão: Argentina

Vice: Holanda

Posição do Brasil: 3º lugar

Artilheiro (Gols): Kempes – Argentina (7)

Média de Público por partida: 40,6 mil


Mais uma copa decidida na casa do campeão. Mais uma sutil sabotagem à seleção brasileira que viajou quase cinco mil quilômetros em solo argentino, ao contrário do time local que percorreu apenas 600. Mais uma vez uma ditadura militar explorou a euforia da conquista do futebol para forjar um clima de prosperidade no país, desviando o foco das pressões populares contrárias ao regime. Mais uma vez liberdade e opressão se enfrentaram numa copa do mundo, estampadas pelas bandeiras holandesa e argentina. Mais uma vez a democracia perde.

1982

Sede: Espanha

Participantes: 24

Campeão: Itália

Vice: Alemanha Ocidental

Posição do Brasil: 2ª fase

Artilheiro (Gols): Paolo Rossi – Itália (6)

Média de Público por partida: 40,5 mil

Até hoje muitos lamentam a derrota brasileira em 1982. O time era fantástico, todos com liberdade de atacar e responsabilidade de defender, como uma alegoria democrática. A conquista era esperada. A frustração do "Sócrates atleta" na copa foi uma antecipação da decepção do "Sócrates democrata" à espera das Diretas Já que só viriam nos anos 90. A seleção italiana, por sua vez, se igualou ao tricampeão Brasil, tanto nos títulos mundiais quanto à sua estabilidade econômica. Uma década de inflação e criminalidade crescente era inaugurada nestes países.





16/03/2010

AS COPAS DO MUNDO E OS MUNDOS DA COPA – PARTE 3

MUNDO DIVIDIDO

As Copas que aqueceram a Guerra Fria (1962, 1966 e 1970)


1962

Sede (Participantes): Chile (16)

Campeão: Brasil

Vice: Tchecoslováquia

Artilheiro (Gols): Garrincha e Vavá – Brasil (4)*

Média de Público por partida: 24 mil

O melhor futebol do mundo seria decidido novamente na América Latina, onde se acirravam as disputas políticas entre partidos de esquerda e direita. A terceira seleção bicampeã mundial surge no Chile e confirma a América do Sul como vanguarda do futebol. No entanto, neste tempo a América latina também foi vanguarda política. Che Guevara semeava a idéia de cooperação latinoamericana e justiça social através da revolução. Mas acima de tudo, a vitória brasileira foi um prelúdio da constatação de sua força e de seu papel central na geopolítica da Guerra Fria.

*Além dos avantes brasileiros, Leonel Sánchez (Chile), Dražan Jerković (Iugoslávia), Flórián Albert (Hungria) e Valentin Ivanov (URSS) também marcaram 4 vezes.


1966

Sede (Participantes): Inglaterra (16)

Campeão: Inglaterra

Vice: Alemanha Ocidental

Posição do Brasil: 1ª Fase

Artilheiro (Gols): Eusébio – Portugal (9)

Média de Público por partida: 51 mil

Com Pelé machucado e Garrincha suspenso, a seleção brasileira foi figurante da copa no país berço do futebol moderno. A democracia brasileira, com líderes políticos cassados, perseguidos e exilados, tornou-se figura de linguagem no golpe civil-militar de 1964. Para a guerra fria marcou mais uma vitória do bloco capitalista. Portanto, a conquista inglesa testou mais que a força de seu futebol. E em meio, a corrida espacial e armamentista, a Copa do Mundo tornava-se cada vez mais um espaço de disputa das manifestações político-ideológicas.


1970

Sede (Participantes): México (16)

Campeão: Brasil

Vice: Itália

Artilheiro (Gols): Gerd Müller – Alemanha (10)

Média de Público por partida: 50 mil

Os norte-americanos que levaram o homem a lua começavam a ser surpreendidos no Vietnã. Os movimentos estudantis e a contracultura, que pressionavam autoridades e inspiravam grupos marginalizados, foram facilmente suprimidos na primeira copa do México. Longe dos centros de tensão política e pressão popular, o sombrero encobriu o calor de uma guerra nada fria. Para complementar, houve a vitória do gigante da América latina, o arauto do liberalismo. A seleção brasileira virou artista para uma platéia rica que explorava seu país e para uma platéia pobre que a idolatrava com a mão no lado esquerdo do peito.

13/03/2010

(Mais) Uns dias fora

Por hora, mais publicações do Blog ficam para a próxima terça-feira, continuando a série As Copas do Mundo e os Mundos das Copas.


Fico fora escrevendo algo que em breve, contarei a todos.


No entanto, mais fora que eu estarei nos próximos dias estará o Guarani FC, ao menos até o fim da rodada. Com a derrota para o Votoraty que além de ter se distanciado do grupo de classificação, só está a 3 pontos da zona de rebaixamento do paulistão A2 (Confira Tabela).


Apesar da classificação para a próxima fase da Copa do Brasil (com todo respeito, passando pelo "poderoso" Araguaína de Tocantins), a torcida do Bugre passou a protestar com a situação do clube há algum tempo. Não vem surtindo efeito, senão aumentando a angústia de todos campineiros que vestem verde e branco.


Triste para o futebol paulista que no ano que vem não poderá ser vitrine do centenário do Guarani em meio a elite do seu futebol.


Triste para o futebol brasileiro que receberá o único time do interior campeão brasileiro frágil como um senhor de 100 anos.


12/03/2010

Colo-Colo, o time do presidente


Ontem, dia 11, tomou posse sob mais uma réplica de tremores novo presidente chileno Sebástian Piñera. Durante o "cambio de mando", ficou clara a mensagem de otimismo e coragem transmitida por Piñera ao prometer soluções rápidas para a reconstrução do país.

Asssunto sério que precisa ser acompanhado de perto, sem dúvida.
Por outro lado, quem pode estar otimista é a torcida do Club Social y Deportivo Colo-Colo.
O novo presidente chileno é mais que torcedor do Colo-Colo. Piñera detém 14% das ações da corporação Blanco y Negro S. A. que é gestora do clube desde 2005.

Além de um patrimônio extraordinário, cuja fortuna fora avaliada em mais de 2 bilhões de dólares pela revista Forbes, o empresário agora é a figura política mais importante do Chile.

Sabe-se também que Gabriel Ruiz-Tagle, até então presidente do Colo-Colo (Blanco y Negro S.A.), foi nomeado subsecretário de esportes de Piñera.

Desde a implantação do novo formato administrativo do clube, o Colo-Colo voltou a protagonizar as decisões dos torneios clausura e apertura (campeonato nacional), após alguns anos em má fase. No entanto, não chega às semifinais do torneio continental desde 1997. (Atualmente, o Colo-Colo está em terceiro lugar no grupo (7) do Cruzeiro).

Não se pode prever ou determinar o impacto deste novo governo para o Colo-Colo.
Mas, certamente, é esperado que um empresário do futebol - y muchas cositas más - tenha condições de trazer desenvolvimento ao esporte no país.

Nota: Informações retiradas da Folha de S.Paulo e Triunfo.cl.

11/03/2010

Geopolítica Palestrina?

Hoje no portal Terra foi publicada uma notícia sobre uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo favorável ao Palmeiras referente a uma ação praticada no caso da transferência do lateral e volante Rogério para o Corinthians em 2001.

De acordo com Antonio Carlos Carone, advogado do Palmeiras, existe uma dívida no valor de R$ 16 milhões. Fala-se (pura ventilação) até no nome de Dentinho, como garantia.


Longe de ser uma decisão definitiva, a vitória da ação movida contra o arquirrival revela uma ruptura das relações diplomáticas entre as diretorias alvinegras e alviverdes.

Evidentemente, trata-se de um caso que terá reviravoltas e necessita de uma profunda apuração.

No entanto, não me parece coincidência um embate desta grandeza na atual conjuntura palestrina.

Eu me recordo de uma idéia abordada pelo grande cientista político e sociólogo Emir Sader que dizia que a maneira mais rápida e eficiente de desviar o foco das tensões e conflitos internos de um país era mobilizar os olhos de seu povo em direção ao inimigo externo, e assim enfrentá-lo com apoio de todos.

Sader se referia, por exemplo, a crise da Argentina durante o regime militar que teria se utilizado a Guerra das Malvinas (1982) como uma manobra política.

Será que a gestão Belluzo pretende utilizar de geopolítica no futebol?

10/03/2010

O Egoísmo do Futebol

Desde a declaração do vice de futebol do flamengo, Marcio Braz, sobre a relação descontrolada entre Adriano e álcool, vemos um espetáculo de declarações que pouco se deparam com a gravidade do problema.


Hoje, no site Lance!, o presidente da CBF Ricardo Teixeira teceu suas opiniões sobre o caso. Duas frases ilustram sua visão sobre o assunto: "Acho que beber a cervejinha não tem problema nenhum (...) o que não pode é beber um engradado". De forma semelhante, apesar de negar veementemente de que se trata de um caso de alcoolismo, Braz havia dito que "ele (Adriano) tem problema com a bebida. Quando começa, não consegue parar".


Em meio a esse falatório, Roberto Carlos, lateral esquerdo do Corinthinas, defendeu o amigo, e resumiu a situação como um "problema extracampo" que certamente não vai atrapalhá-lo na seleção. A notícia ecoou no mundo todo.


Poderia escalar dois times e um banco de reservas com outros personagens que se pronunciaram a respeito. Mas não vale a publicidade destes.


Procurei um referencial bem didático para ilustrar a situação.


De acordo com o AA (Alcoólicos Anônimos), há uma lista de indícios que podem revelar um caso de alcoolismo.


Eis algumas que separei:


Já tentou parar de beber por uma semana (ou mais), sem conseguir atingir seu objetivo?


Seu problema de bebida vem se tornando cada vez mais sério nos últimos doze meses?


A bebida já criou problemas no seu lar?


Nas reuniões sociais onde as bebidas são limitadas, você tenta conseguir doses extras?


Apesar de prova em contrário, você continua afirmando que bebe quando quer e pára quando quer?


Faltou ao serviço, durante os últimos doze meses, por causa da bebida?


Já experimentou alguma vez 'apagamento' durante uma bebedeira?


Já pensou alguma vez que poderia aproveitar muito mais a vida, se não bebesse?


Quais desses são afirmativos no caso de Adriano?


O que vejo são flamenguistas angustiados em ver o seu maior ídolo pesando 106 quilos e longe dos gramados, e a imprensa carioca reproduzindo o "mistério da lista de Dunga" que tem o nome de Adriano como um dos maiores enigmas.

No entanto, ingênuos são cada vez mais raros. Outras questões preocupam.

Como a CBF que anda de mãos dadas com a Ambev, sempre aproximando os ídolos da seleção a marca cerveja mais forte do Brasil vai condenar o uso de álcool de Adriano?

Como o maior e mais poderoso veículo de imprensa brasileiro vai se opor a uma situação que ele permite que seja induzida e alimentada todas as noites em sua programação com as festas e bebedeiras protagonizadas pelos participantes do reality show mais popular do país?

Há um conflito de interesses. Por isso, a vista grossa.

Afinal de contas, do que se trata? O que importa? A libertadores para o Flamengo, a Copa de 2010 ou a vida de Adriano Leite Ribeiro?



09/03/2010

AS COPAS DO MUNDO E OS MUNDOS DAS COPAS - PARTE 2


MUNDO OTIMISTA: Os recomeços e o surgimento do Rei (1950, 1954 e 1958)

1950

Sede (Participantes): Brasil (13)

Campeão: Uruguai

Vice: Brasil

Artilheiro (Gols): Ademar – Brasil (9)

Média de Público por partida: 47 mil

Com o recesso forçado pela segunda grande guerra, a ideia de voltar a promover a competição ganhou força apenas em 1950, e um país que saíra economicamente beneficiado da guerra e com condições de construir um grande estádio para o evento, foi o Brasil. A escolha da nação verde e amarela ainda teve que superar a tensão das décadas anteriores, entre a Europa e América, no que diz respeito ao preconceito racial e cultural. No entanto, o que parecia um recomeço entusiasmado do futebol e do mundo, para o Brasil revelou mais uma decepção. Diante de 200 mil pessoas no Maracanã, a seleção uruguaia sagrou-se campeã pela segunda vez.


1954

Sede (Participantes): Suíça (16)

Campeão: Alemanha Ocidental

Vice: Hungria

Posição do Brasil: Quartas-de-final

Artilheiro (Gols): Kocsis – Hungria (11)

Média de Público por partida: 34 mil

A Inglaterra deixara definitivamente o boicote à competição. A frágil performance do Brasil combinava com o inseguro mandato democrático-populista de Getúlio Vargas, que se matou meses depois. A inovadora seleção húngara de Ferenc Puskas, que levou ouro olímpico em 1952, trouxe o melhor momento do comunismo nas Copas num momento em que repercutia amplamente os crimes de Stálin. Mas a história não terminou assim. "Milagre de Berna". A seleção da Alemanha ocidental, derrotada por 8x3 na primeira fase da competição, venceu os húngaros, invictos a 32 jogos, respondendo ao mundo como um país que sairia das trevas da guerra e do nazismo.


1958

Sede (Participantes): Suécia (16)

Campeão: Brasil

Vice: Suécia

Artilheiro (Gols): Just Fontaine – França (13)

Média de Público por partida: 26 mil

O surgimento daquele que seria o atleta do século pode ser entendida como uma alegoria da ascensão de um conjunto de povos e países que passou a ser denominado terceiro mundo. Desde a Conferência de Bandung (1953) que apresentou esta categoria, a promissora divisão geopolítica mundial adquiriu aspectos mais complexos.

Em virtude da riqueza natural brasileira e de seu potencial econômico, a conquista da copa alertou o bloco capitalista que o gigante da América do sul seria um aliado indispensável na Guerra Fria.

02/03/2010

AS COPAS DO MUNDO E OS MUNDOS DA COPA


Com a primeira Copa do Mundo organizada pela FIFA, inicia-se uma nova maneira de se orientar através do tempo. Desde 1930, com exceção do decênio de guerra, genocídio e destruição de 1939-1949 que interrompeu estes ciclos, a cada quatro anos, progressivamente, mais e mais pessoas aguardam pelo evento esportivo que, hoje, tornou-se o mais lucrativo e assistido do mundo.

Parece exagero? Quem sabe. Mas é inegável que o evento que proporciona cerca de 3 bilhões de telespectadores – metade da população do planeta – seja capaz de organizar a rotina destas pessoas, ou mesmo mobilizar seus sentimentos e planos.


PARTE 1

MUNDO MELANCÓLICO

A pioneira Copa e as Copas do Fascismo (1930, 1934 e 1938)



1930

Sede: Uruguai

Campeão: Uruguai

Vice: Argentina

Posição do Brasil: Primeira Fase

Artilheiro (Gols): Guillermo Stábile – Argentina (8)

Média de Público por partida: 24 mil

No ano em que completou o centenário de independência, a seleção anfitriã sagrou-se campeã. A fraca campanha do Brasil refletiu a ausência de apoio do poder público ao futebol profissional e a discriminação racial que não permitiu a ida dos melhores atletas à Copa.

Já a vitória uruguaia forjou um sentimento nacionalista que se sobrepôs às acirradas disputas políticas entre os partidos Blancos e Colorados. Por outro lado, o mundo de mais de 30 milhões de desempregados vítimas do Crack da bolsa de Nova Iorque cada vez mais consumia a paixão pelo futebol como fuga de sua desgraça.


1934

Sede (Participantes): Itália (16)

Campeão : Itália

Vice: Tchecoslováquia

Posição do Brasil: Primeira Fase

Artilheiro (Gols): Oldřich Nejedlý – Tchecoslováquia (5)

Média de Público por partida: 21 mil

O anfitrião novamente leva a taça. Mas agora falamos do exército de chuteiras de Benito Mussolini. Vencer era preciso para aumentar a popularidade de seu governo, provando a superioridade da sua raça e disfarçando a melancolia da recessão econômica.

O novo fracasso tupiniquim demonstrou sua fragmentação política, inclusive no futebol. As disputas políticas se acirravam pelo apoio paulista a profissionalização do esporte. A parcela do futebol carioca mais influente era contrária aos paulistas, e a falta de acordo levou à Copa um time formado só por jogadores que atuavam no Rio de Janeiro, desfalcando metade da seleção principal.


1938

Sede (Participantes): França (16)

Campeão: Itália

Vice: Hungria

Posição do Brasil: Terceiro lugar

Artilheiro (Gols): Leônidas da Silva – Brasil (7)

Média de Público por partida: 20 mil

A seleção brasileira chegou à Copa com maior apoio e coesão política. Alzira Vargas, filha do presidente, foi madrinha e Luiz Aranha, irmão do Ministro da Fazenda, chefe da delegação. Mais que isso, o Brasil tinha o diamante negro, Leônidas da Silva.

No entanto, a pressão do regime fascista contaminou a Copa do Mundo. A torcida italiana massacrou os atletas de "raça inferior"; o ambiente bélico era cultivado; e a arbitragem inventou o pênalti que decidiu a vitória italiana contra o Brasil. O orgulho racista italiano superou provisoriamente a melancolia de sua sociedade em crise.