O espetáculo que nasce em dois minutos ou dois gols.

-Por todos nós-

25/05/2010

Os heróis de chuteiras

Os mitos são histórias construídas a partir de tradições, costumes e saberes que uma cultura produz geralmente para explicar a sua origem ou seu destino. Um exemplo muito comum das narrativas míticas é o herói. Seja para a antiguidade greco-romana ou para os estúdios de hollywood, este indivíduo, ainda que reuna capacidades extraordinárias que superam os desafios e problemas dos homens, não é imbatível.

A falha, o erro, ou a fraqueza apesar de parecer destruir a força do herói, na verdade constrói o mais profundo ponto de contato entre este ser detentor de qualidades suprahumanas e o homem.
O herói dos livros, quadrinhos ou cinema é semelhante ao 'ídolo real' - com certas ressalvas das proezas sobrenaturais - que muitas vezes ocupa os mesmo lugares que os próprios heróis.

A humanidade tanto do herói quanto do ídolo é o fator que cativa seus admiradores, seus fãs.

O mundo contemporâneo da pós (ou super) modernidade produz heróis/ídolos dos mais diversos tipos. Astros de cinema, cantores e até mesmo animais e pasmem, até políticos!

Mas certamente são poucos heróis/ídolos que se formam a partir de tanta devoção como os jogadores de futebol. Os grandes ídolos do futebol adquirem uma identidade que irmana seus fãs que são capazes de xingá-lo e aplaudí-lo na mesma partida. O jogador que faz o gol do título num dia e no outro perde o penalti que decide a eliminação de seu time. Nada mais que o Herói.


Entre o humano e o divino



Recentemente, o maior herói da história da Argentina, Maradona, que tem até uma igreja à prestar adoração a sua imagem, mergulhou numa aventura cujo capítulo final - que em breve será visto no mundo todo - irá certamente transformá-lo. Muito criticado pelo desempenho da seleção argentina, o atual treinador que já foi ídolo do seu país vestindo a camisa da equipe que agora dirige não será mais o mesmo. O herói tem dois caminhos pela frente. Um deles, a trilha da glória e honra, acima de tudo, poderá consagrá-lo definitivamente como uma divindade na terra platina para além daqueles mais fanáticos.
O outro caminho, de fracasso e humilhação, talvez esvazie os bancos da igreja maradonista e certamente dará chance para um substituto do trono de ocupa há mais de 20 anos. Mesmo um terceiro caminho com bravura e derrota não deixaria a imagem do ídolo intacta. O futuro é imprevisível para Maradona, mas é certo que os ventos tomarão uma outra direção.


O calcanhar de Zico

Ainda que discutível, é difícil não posicionar Zico e Maradona no panteão de ídolos do futebol. O 'Galinho de Quintino' não conquistou o mundo com a seleção a despeito de Dieguito. Na Copa do Mundo em que o argentino se consagrou, Zico foi castigado pelo penâlti perdido durante a partida semifinal que eliminou a equipe brasileira.

No entanto, os anos 1980 fez do Zico um herói rubro negro. Hexacampeão carioca, tricampeão brasileiro (sem contar a Copa União 1987) e campeão da américa e mundial em 1981. Zico foi o homem que transformou o futebol japonês e chegou a Turquia, já como técnico, para assumir o trono de Rei. Rei Artur.
Apesar das passagens pouco marcantes no Uzbequistão (2008), Rússia (2009) e Grécia (2009-2010), a sua imagem do grande ídolo flamenguista, e em certa medida, brasileiro está preservada.

A qualidade do Zico técnico é respeitada, ainda que não tão certa. Porém, há anos que a imprensa ventila um possível retorno daquele que foi o maior jogador da história do flamengo, o grande artilheiro do maracanã, o homem que em campo ora era arco (meia armador), ora era flecha (finalizador frio). A torcida se empolga com essa possibilidade.

Seja como técnico ou diretor de futebol, as portas da gávea parecem bem abertas ao Galinho.
Mas parece que este retorno não deve acontecer tão cedo. Se acontecer.
La Gazzetta dello Sport publicou hoje o interesse do Catania em levar o brasileiro ao comando técnico do time italiano. Para quem passou pelo terceiro e quarto escalão do futebol mundial, disputar o Calcio mesmo num time de menor expressão torna-se mais uma grande oportunidade ao treinador.

Ainda que estejamos no âmbito da especulação, o futuro de Zico mesmo que não seja a Itália tem poquíssimas chances de ser rubro-negro.


Em março deste ano foi firmada uma parceira entre o Flamengo e o CFZ (Clube Futebol Zico), em que atletas seriam negociados entre os clubes com vantagens proporcionais a cada uma das partes e transações.

No momento, a única parte de Zico dentro do gávea é este acordo.
Até na coordenação de torneios de futebol infantil na Disney, o ex-camisa da 10 da seleção participa, mas o Flamengo continua uma realidade vivida somente no passado e na paixão de torcedor.
Zico é um ídolo inquestionável entre os rubronegros. Será que o Galinho de Quintino está disposto a expor suas fraquezas, tal como está fazendo Dieguito?

Zico está preparado para estender seu passado de herói a um futuro tão incerto?

1 comentários:

Newton disse...

grande blog marco! Apesar do pouco contato, estou feliz por esse seu estudo tão interessante sobre o futebol!

até mais

newton
PS: estou no twitter @newtonx

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